Biocombustíveis em Portugal: Que Tipos Existem e Onde Usar

Os biocombustíveis são derivados de matéria orgânica (biomassa), como óleos vegetais, gorduras animais ou resíduos orgânicos, e são utilizados para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir as emissões de gases com efeito de estufa no setor dos transportes. Em Portugal, a sua utilização é regida por diretivas europeias que obrigam à sua incorporação nos combustíveis tradicionais. Para o condutor, isto significa que está a usar biocombustíveis quase sempre que abastece, mesmo que não os escolha ativamente.

1. O Enquadramento Legal e o Uso Obrigatório

Portugal, seguindo os objetivos da União Europeia, estabeleceu metas obrigatórias de incorporação de biocombustíveis nos combustíveis rodoviários. Isto não é uma escolha, mas sim um mandato legal para as gasolineiras.

Redução de Emissões: O principal objetivo é alcançar a neutralidade carbónica, promovendo o uso de fontes renováveis.
Mistura Padrão: Na bomba, os combustíveis são vendidos já misturados (blend), sendo que a maioria dos carros modernos é compatível com esta mistura sem necessidade de alterações.

2. Principais Tipos de Biocombustíveis em Portugal

Existem dois tipos principais de biocombustíveis líquidos misturados nos combustíveis tradicionais e um tipo gasoso de uso crescente:

2.1. Para Motores Diesel (Biodiesel)

Biodiesel (FAME): É um éster metílico de ácidos gordos, geralmente derivado de óleos vegetais (colza, girassol) ou gorduras residuais. É o biocombustível mais comum no Diesel.
B7: O Diesel rodoviário comum vendido em Portugal contém, por regra, até 7% de Biodiesel (B7). Praticamente todos os veículos Diesel fabricados após 2009 são compatíveis.
HVO (Óleo Vegetal Hidrotratado): Um biodiesel de segunda geração (feito de resíduos), que é quimicamente idêntico ao gasóleo fóssil, de maior qualidade e menos propenso a problemas de armazenamento e motores. O seu uso está a crescer, muitas vezes como Diesel Aditivado.

2.2. Para Motores a Gasolina (Bioetanol)

Bioetanol: Produzido a partir da fermentação de açúcares ou amidos (cereais, beterraba, cana-de-açúcar).
E5 e E10: A gasolina em Portugal contém tipicamente até 5% de Bioetanol (E5). A gasolina com 10% (E10) está a ser progressivamente introduzida na Europa e é compatível com a maioria dos veículos a gasolina fabricados após 2000.

2.3. Biogás/Biometano

Biometano (Bio-GNC/GNV): É um gás renovável obtido a partir de resíduos orgânicos ou aterros sanitários. Quimicamente, é idêntico ao Gás Natural Veicular (GNV).
Uso: É utilizado em veículos que já funcionam a GNV/GNC (gás natural comprimido), um segmento de nicho em Portugal, mas em expansão, especialmente em frotas municipais e de transporte de mercadorias.

3. Compatibilidade e Consumo na Bomba

A grande maioria dos condutores não precisa de tomar qualquer decisão sobre biocombustíveis na bomba.

Compatibilidade Universal: Todos os carros modernos (após 2009 para B7 e após 2000 para E10/E5) foram construídos a pensar na mistura obrigatória de biocombustíveis.
Motores Mais Antigos: Para veículos a gasolina mais antigos (pré-2000), o uso de E10 pode ser problemático, devendo o condutor optar por gasolina Premium (que geralmente contém E5 ou menos) ou consultar o manual.
Eficiência: Em teoria, os biocombustíveis contêm ligeiramente menos energia que os combustíveis fósseis puros, podendo haver uma redução marginal na eficiência (aumento do consumo de 1% a 3%), embora na prática isso seja impercetível para o condutor.

Conclusão

Os biocombustíveis são uma realidade estabelecida em Portugal, sendo um pilar da estratégia de descarbonização do transporte. O condutor de um veículo moderno não precisa de se preocupar com a compatibilidade, devendo apenas estar atento à manutenção do seu veículo, uma vez que o biodiesel pode ter um efeito de limpeza mais agressivo ou influenciar a vida útil do óleo em alguns motores Diesel.