A História do Design de Matrículas em Portugal

A matrícula é a identidade legal de um veículo, e o seu design em Portugal sofreu várias transformações ao longo do século, refletindo a evolução do parque automóvel, a integração europeia e as necessidades de identificação. Cada formato de matrícula não só identifica o veículo, como também indica, historicamente, a sua idade e origem regional. Conhecer esta história é perceber a evolução da mobilidade no país.

1. O Sistema Clássico (1937–1992)

Embora existissem sistemas mais antigos baseados em distritos ou sequências simples (ex: L para Lisboa, P para Porto), o sistema que durou mais tempo e que se tornou clássico foi o de sequência nacional.

Formato Inicial (1937–c. 1964): AA-00-00
Iniciou-se com a sequência AA (com as letras a seguir a um sistema mais ou menos regional, mas rapidamente centralizado). Os caracteres eram tipicamente pretos sobre fundo branco ou branco/amarelo (os carros matriculados antes de 1992 podem ter matrículas pretas de fundo branco, desde que a cor de fundo não seja alterada).
Formato Central (c. 1964–1992): 00-00-AA
Neste período, a sequência passou para os dois algarismos finais. Este é o formato mais associado à época dos carros clássicos de fabrico nacional ou importação tardia. A cor mais comum era a placa metálica com fundo branco e caracteres pretos.

2. A Era Europeia e o Faixa Amarela (1992–2020)

Em 1992, Portugal alinhou-se com os regulamentos europeus, introduzindo elementos visuais que se tornaram padrão.

Formato: 00-AA-00
A sequência das letras migrou para o centro, resultando no formato popularmente conhecido como "AA do meio".
Eurobanda (Faixa Azul): Foi introduzida a faixa azul no lado esquerdo, com o símbolo da União Europeia (estrelas) e o código do país (P).
Faixa Amarela (Data de Registo): Este é o elemento mais distintivo deste período. A faixa amarela no lado direito da placa indicava o mês e o ano da primeira matrícula (ex: 92/10). Isto permitia identificar a idade do carro à primeira vista, sem necessidade de consultar documentos.

3. A Nova Geração (Pós-2020)

A partir de 2020, Portugal alterou novamente o design e a sequência para aumentar a capacidade de registos e simplificar o design, seguindo tendências de outros países europeus.

Formato: AA-00-AA
A sequência voltou a ter as letras no início e no fim, permitindo uma capacidade muito superior de combinações futuras (AA-00-AA, seguido de 00-AA-AA, etc.).
Remoção da Data: O elemento mais notório da mudança foi a remoção total da faixa amarela da data de registo. Esta medida visa modernizar a placa, embora torne a identificação visual da idade do veículo impossível sem consulta de documentos.
Características: Fundo branco refletor, caracteres pretos, sem uso do hífen, e mantendo a Eurobanda azul à esquerda.

4. Matrículas Especiais e Clássicas

Veículos Antigos (Clássicos): Os carros matriculados nos sistemas anteriores a 1992 podem manter o seu design original (fundo branco, letras pretas, sem faixas azul ou amarela), desde que sejam carros de interesse histórico certificável. Não é permitido alterar a cor de fundo original de um clássico.
Matrículas de Exportação: Estas matrículas têm tipicamente caracteres a vermelho sobre fundo branco (ou amarelo) e são de uso temporário, com a data de validade claramente visível.

Conclusão

As matrículas portuguesas evoluíram de um sistema regional simples para um código alfanumérico moderno e centralizado. Cada mudança reflete uma adaptação a novas realidades, desde o aumento da frota à harmonização com as normas europeias. Independentemente do design, a matrícula é o elemento que garante a legalidade e a rastreabilidade do veículo, sendo fundamental para o seguro e a documentação.